Numa entrevista recente ao podcast de tecnologia Dwarkesh Patel, dois investigadores da Anthropic, uma das mais avançadas empresas mundiais de inteligência artificial, deixaram um alerta inquietante sobre o futuro da humanidade no contexto do rápido avanço das tecnologias de IA.
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Sholto Douglas e Trenton Bricken, ambos com passagem por instituições como a Google DeepMind, admitiram com surpreendente naturalidade que o futuro próximo poderá transformar os seres humanos em simples “robots de carne”, controlados por sistemas de IA.
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Cenário de colapso no emprego qualificado
Douglas antecipou um declínio acentuado no número de trabalhadores de colarinho branco nos próximos dois a cinco anos — mesmo que o progresso técnico da IA estagne.
“Há todo um espectro de futuros loucos”, afirmou. “Mesmo com o progresso algorítmico a abrandar, o impacto nos empregos será devastador.”
Segundo o investigador, estamos prestes a entrar numa década “terrível” para os humanos, com o trabalho físico a tornar-se a principal área onde ainda seremos necessários — basicamente, seremos “excelentes robots” para tarefas que as máquinas ainda não conseguem executar.
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Bricken: “Humanos com AirPods a serem controlados por IA”
O cenário traçado por Trenton Bricken é ainda mais extremo. O investigador referiu-se a um futuro em que as IAs serão capazes de fazer tudo, exceto o trabalho físico, usando os humanos como interfaces semi-autónomos, guiados à distância.
“Vão existir humanos com AirPods e óculos inteligentes, controlados por uma IA que os monitoriza através de câmaras e lhes diz o que fazer”, afirmou.

O comentário mais polémico surgiu de seguida:
“Basicamente, estás a ter humanos como robots de carne”, declarou, referindo-se aos seus semelhantes como “it” (em inglês, pronome neutro, frequentemente associado a objetos ou animais, nunca a pessoas).
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Douglas tenta moderar, mas confirma o alerta
Perante a gravidade do comentário, Sholto Douglas tentou atenuar a visão do colega:
“Não estamos necessariamente a dizer que é isso que as IAs vão querer fazer”, sublinhou.
Ainda assim, não desmentiu o cenário — antes confirmou que a década em curso poderá ser marcada por perda de relevância humana face ao avanço das máquinas.
“É um mundo absolutamente chocante”, concluiu.
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Um aviso que não pode ser ignorado
Estas declarações, vindas de dois especialistas no coração do desenvolvimento de IA de ponta, reforçam o debate urgente sobre os limites éticos, sociais e económicos da inteligência artificial.
Quando os próprios criadores levantam hipóteses tão distópicas, talvez seja tempo de parar, pensar e regular — antes que a ficção científica se torne realidade.
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