Do paraíso gamer ao pesadelo sanitário: o quarto de hotel onde um jogador viveu dois anos… sem nunca limpar nada

Há histórias que nos fazem questionar os limites da dedicação. Outras fazem-nos questionar os limites do olfacto humano. Esta pertence claramente à segunda categoria. Na cidade de Changchun, na província chinesa de Jilin, um hotel especializado em eSports tornou-se viral depois de revelar o estado absolutamente chocante de um quarto onde um hóspede viveu durante dois anos inteiros. Spoiler: não acabou bem. Para ninguém.

O hotel — descrito como um verdadeiro “paraíso gamer” — partilhou nas redes sociais imagens de um quarto que parecia mais um cenário pós-apocalíptico do que um espaço de alojamento. Montanhas de lixo acumuladas por todo o lado, embalagens de comida takeaway empilhadas até alturas pouco aconselháveis, garrafas de plástico espalhadas pelo chão e… papel higiénico usado colado às paredes da casa de banho. Tudo acompanhado por um cheiro que os funcionários descrevem como “quase insuportável”.

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A limpeza do quarto demorou três dias inteiros, envolvendo uma operação intensiva de desinfecção. Mesmo assim, o espaço ainda não está pronto para voltar a receber hóspedes. Segundo o hotel, será necessário trabalho adicional para garantir que o quarto deixa de ser classificado como um pequeno risco biológico.

O protagonista desta história, entretanto baptizado online como o “hóspede do inferno”, terá vivido no quarto durante cerca de dois anos, saindo raramente — ou quase nunca. O mais impressionante é que muitos funcionários do hotel nunca chegaram sequer a vê-lo. O homem recusava sistematicamente a entrada da equipa de limpeza e tratava de todas as suas necessidades através de aplicações: comida entregue à porta, entretenimento no computador e contacto humano reduzido ao mínimo olímpico.

Segundo os media locais, o hotel em questão é um chamado hotel de eSports, um conceito cada vez mais popular na China. Estes espaços são pensados para jogadores profissionais, streamers e entusiastas de videojogos, oferecendo quartos privados equipados com computadores topo de gama, internet de alta velocidade e cadeiras de gaming dignas de uma nave espacial. Em teoria, um sonho para qualquer gamer. Na prática, neste caso, um convite ao isolamento extremo.

Quando finalmente o hóspede fez o check-out, deixou mais do que memórias traumáticas: saiu com cerca de 10 dias de estadia por pagar, um prejuízo avaliado em aproximadamente 400 dólares. Mas, honestamente, depois do que foi encontrado no quarto, o dinheiro parece quase um detalhe menor.

As fotografias divulgadas pelo hotel — mostrando pilhas de lixo, restos de comida em decomposição e uma casa de banho que faria qualquer estômago forte reconsiderar a sua confiança — espalharam-se rapidamente pelas redes sociais chinesas. A reacção foi imediata: incredulidade, nojo e muitas perguntas sobre como alguém consegue viver nestas condições durante tanto tempo.

O hotel explicou que decidiu tornar o caso público não para humilhar o antigo hóspede, mas para alertar para os perigos da dependência extrema dos videojogos. Quando o jogo deixa de ser lazer e passa a justificar o abandono completo de higiene, saúde e contacto humano, algo está claramente errado.

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No fim, esta história não é apenas sobre lixo acumulado num quarto de hotel. É sobre isolamento, vício e os extremos a que alguém pode chegar quando o mundo real é substituído por um ecrã. E também serve de aviso claro: mesmo o melhor setup gamer do mundo não foi feito para substituir uma vida inteira.