Era uma vez, no reino onde o sol nunca se põe, um trono dourado que não era para realeza, mas para a plebe – e para a arte, claro. Este não era um trono qualquer, mas sim uma sanita de ouro 18 quilates, batizada com o nome de “America”, uma peça de arte satírica que valia uns trocos: cerca de 4,8 milhões de libras, ou para quem prefere o som do dólar, uns estrondosos 5.95 milhões.
O palco deste conto pouco convencional foi o Blenheim Palace, mais conhecido por ser o berço do líder britânico Winston Churchill, que, se pudesse, provavelmente teria umas palavras bem escolhidas para descrever o ocorrido. Afinal, não é todos os dias que se assiste ao roubo de uma sanita, especialmente uma que é uma obra de arte concebida pelo irreverente artista italiano Maurizio Cattelan.
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Agora, imaginem a cena: quatro homens, com idades entre os 35 e os 39 anos, acusados de transformar um roubo numa espécie de performance ao vivo, digna de um filme de comédia de terceira categoria. Eles não levaram apenas a sanita, mas também causaram um verdadeiro dilúvio no palácio, porque, meus caros leitores, a sanita estava ligada ao sistema de canalização! Fala-se em danos significativos e numa inundação que deixou os responsáveis pelo património com os cabelos em pé – e não era por causa da humidade.
Antes do seu desaparecimento, os visitantes do palácio podiam marcar uma consulta de três minutos com a dita cuja. Sim, leram bem, uma consulta, porque esta não era uma sanita qualquer, era uma experiência artística. No Guggenheim de Nova Iorque, onde a peça esteve antes de chegar a Blenheim, os visitantes podiam até usufruir da intimidade sem precedentes com a obra de arte, num encontro tête-à-tête com o dourado reluzente.
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Mas voltemos ao nosso roubo. Após quatro anos de mistério e sete suspeitos detidos, finalmente quatro homens foram acusados. A peça, essa, continua desaparecida. O que nos leva a questionar: onde estará o trono? Terá sido derretido e transformado em múltiplos anéis de casamento, espalhando amor por aí? Ou estará escondido num sótão, aguardando o momento de brilhar novamente?
O comissário da polícia local, um tal de Matthew Barber, disse à BBC que seria um “desafio” recuperar a sanita. “Será que vamos ver o trono novamente? Pessoalmente, pergunto-me se ainda estará na forma de sanita”, disse ele, ponderando sobre o destino do ouro.
Os quatro suspeitos terão de comparecer perante os magistrados de Oxford no dia 28 de novembro. Até lá, podemos apenas especular e rir da ironia de uma sanita chamada “America” ter sido roubada numa terra que adora uma boa fila.
E assim, meus caros, termina o conto do grande assalto ao trono dourado. Uma história que nos faz pensar que, talvez, o verdadeiro tesouro seja a história que ficou para contar. E que história! Fiquem atentos para mais desenvolvimentos, ou não, aqui no destaques.pt, onde até uma sanita pode ser a protagonista de uma saga digna de um filme de Hollywood – com um toque britânico, é claro.