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História da Alheira
A alheira é um enchido (ou embutido) típico da culinária portuguesa, originário da região de Trás-os-Montes. Trata-se de uma salsicha feita geralmente com carne de ave (frango, peru, pato) e pão, embora também possa conter outras carnes como porco ou caça. A alheira é tradicionalmente fumada e pode ser consumida de diversas formas, como grelhada, frita ou mesmo assada no forno.
A história da alheira está profundamente ligada à presença judaica em Portugal. Durante o período da Inquisição, os judeus foram forçados a converter-se ao cristianismo ou enfrentar perseguição, exílio ou mesmo a morte. Aqueles que se converteram mas continuaram a praticar o judaísmo em segredo eram conhecidos como “cristãos-novos” ou “marranos”. Uma das práticas judaicas era a de não comer carne de porco, o que se tornava óbvio quando não se viam enchidos à base de porco pendurados nas casas dos judeus, tornando-os alvos fáceis para a Inquisição.
A criação da alheira terá sido uma solução engenhosa para este problema. Os judeus passaram a produzir um enchido que parecia uma salsicha tradicional à base de porco, mas que na verdade era feito com outras carnes e pão. Desta forma, poderiam manter a aparência de conformidade com as práticas cristãs sem violar suas próprias crenças religiosas.
Com o tempo, a alheira ganhou popularidade também entre a população não-judaica e hoje é considerada um dos pratos típicos da culinária portuguesa. É especialmente popular no Norte de Portugal, onde até existe uma variedade com denominação de origem protegida, a Alheira de Mirandela.