Os escaravelhos do estrume, conhecidos por utilizarem a Via Láctea como guia durante a noite, tornaram-se a inspiração inesperada para um avanço significativo na tecnologia de navegação. Esta espécie de inseto, que evoluiu há cerca de 130 milhões de anos, tem a capacidade única de usar a faixa luminosa da nossa galáxia como ponto de referência para se orientar no escuro. Agora, cientistas e engenheiros estão a adaptar esta habilidade para melhorar os sistemas de navegação em drones, robôs e satélites.
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A Descoberta Fascinante dos Escaravelhos do Estrume
Em 2013, investigadores suecos descobriram que os escaravelhos do estrume utilizam a Via Láctea para se orientar à noite. Ao invés de seguir estrelas individuais, que são difíceis de distinguir devido aos seus pequenos olhos compostos e ao movimento constante enquanto rolam as suas bolas de estrume, estes escaravelhos fixam-se na grande faixa de luz da Via Láctea. Esta habilidade permite-lhes mover-se em linha reta e afastar-se de concorrentes que possam querer roubar a sua preciosa carga.
Inovação em Navegação Aérea e Espacial
Uma década após esta descoberta, uma equipa de engenheiros da Universidade da Austrália do Sul, liderada pelo Professor Javaan Chahl, está a replicar esta técnica natural para desenvolver um novo sensor de inteligência artificial. Este sensor é capaz de medir com precisão a orientação da Via Láctea em condições de pouca luz, uma funcionalidade particularmente útil para dispositivos que precisam de se estabilizar e navegar durante a noite ou em ambientes com visibilidade reduzida.
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Numa série de experiências inovadoras, os investigadores montaram uma câmara no topo de um veículo e capturaram imagens da Via Láctea tanto com o veículo parado como em movimento. A análise destas imagens permitiu-lhes criar um sistema de visão por computador que consegue identificar a orientação da Via Láctea, mesmo quando há desfocagem devido ao movimento. Este avanço representa um passo crucial para o desenvolvimento de sistemas de navegação baseados na luz das estrelas.
Aplicações Futuras e Potenciais Benefícios
O autor principal do estudo, Yiting Tao, doutorando na UniSA, está otimista sobre as aplicações futuras desta tecnologia. Ele acredita que o sensor de orientação inspirado nos escaravelhos poderá ser um recurso adicional valioso para estabilizar satélites em órbita e auxiliar drones e robôs a navegarem em condições de pouca luz. “Para a próxima etapa, quero colocar o algoritmo num drone e permitir-lhe controlar a aeronave em voo durante a noite,” afirmou Tao, indicando os próximos passos na investigação.
A capacidade de navegar com base na orientação da Via Láctea poderá revolucionar os sistemas de navegação atuais, especialmente em áreas onde a utilização de GPS é limitada ou inexistente, como em zonas remotas ou em missões espaciais de longa duração. Este método biomimético de navegação também pode ajudar a economizar energia, uma vez que depende de recursos naturais de orientação.
A Natureza como Fonte de Inspiração para a Tecnologia
Os escaravelhos do estrume são apenas um exemplo de como os engenheiros podem olhar para a natureza em busca de soluções para problemas complexos. “Os insetos têm resolvido problemas de navegação há milhões de anos, e mesmo com cérebros muito menos complexos do que os humanos, eles conseguem realizar tarefas extraordinárias”, explicou o Professor Chahl. Este tipo de investigação reforça a ideia de que a natureza, com os seus milhões de anos de evolução, pode ensinar muito aos cientistas e engenheiros contemporâneos.
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Conclusão
Enquanto os escaravelhos do estrume continuam a percorrer os seus caminhos à luz das estrelas, a ciência moderna segue os seus passos, aproveitando a sabedoria da natureza para criar tecnologias inovadoras. Com mais estudos e desenvolvimentos, quem sabe o que mais poderemos aprender com esses pequenos navegadores noturnos?