Há notícias que parecem saídas de uma série policial sombria da Netflix, mas que infelizmente pertencem ao mundo real. Na Suécia, um país frequentemente associado a bem-estar social, segurança e estabilidade, as autoridades enfrentam agora um caso que está a chocar o país — e a levantar perguntas muito difíceis. Um rapaz de apenas 12 anos foi detido pela polícia depois de alegadamente ter morto um homem a tiro… por engano.
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O crime ocorreu na cidade de Malmö, e rapidamente ganhou contornos ainda mais perturbadores quando se soube que o menor terá sido contratado como assassino a soldo. Segundo a imprensa sueca, o jovem terá recebido a promessa de 250 mil coroas suecas (cerca de 27 mil dólares) para executar uma pessoa específica. O problema? Acabou por disparar sobre o homem errado — um jovem de 21 anos que estava com amigos dentro de um carro.
A imprensa sueca não perdeu tempo a baptizar o suspeito com um rótulo tão chocante quanto polémico: “o assassino criança”. De acordo com o jornal Expressen, o rapaz foi capturado na terça-feira, 16 de Dezembro, após vários testemunhos presenciais terem ajudado a polícia a reconstruir os momentos do tiroteio. O menor tinha fugido da casa da avó, noutra cidade, onde vivia desde os sete anos, e acredita-se que tenha sido entretanto absorvido pelo submundo dos gangues violentos.
As investigações indicam que o verdadeiro alvo do ataque seria outro ocupante do mesmo carro. Curiosamente — ou tragicamente — todos os passageiros tinham cadastro criminal, incluindo a vítima mortal, que já tinha cumprido mais de dois anos de prisão por crimes como roubo e ameaças a um funcionário público. Nada disto, claro, justifica o desfecho, mas ajuda a perceber o contexto de violência em que o crime ocorreu.
Embora já existissem casos de crianças e adolescentes envolvidos em crimes graves na Suécia — desde explosões a transporte de granadas de mão e tarefas para grupos criminosos — nunca antes alguém tão jovem tinha sido suspeito de um homicídio com arma de fogo. É um marco negro na história criminal do país.
Rasem Chebil, responsável pela investigação na polícia de Malmö, admitiu publicamente a gravidade da situação. “Estamos a ver a idade dos autores a descer progressivamente”, explicou. Segundo o inspector, os gangues utilizam cada vez mais redes sociais para recrutar menores, precisamente porque sabem que, na Suécia, crianças com menos de 15 anos não podem ser presas. São vistas como ferramentas descartáveis num jogo criminoso jogado por adultos.
Neste caso específico, no entanto, a violência extrema levou os procuradores a avançar com processo criminal contra o menor, algo raro e juridicamente delicado. O objectivo não é apenas apurar responsabilidades, mas também travar uma tendência que preocupa cada vez mais as autoridades suecas.
O caso levanta uma questão inquietante: como é que uma criança chega ao ponto de aceitar dinheiro para matar alguém? Entre falhas sociais, criminalidade organizada e um sistema que tenta proteger os menores, a realidade parece estar a avançar mais depressa do que as soluções.
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E se há algo que esta história prova, é que quando a violência começa a recrutar crianças, já ninguém pode fingir que o problema é pequeno.
