Se alguma vez pensaste “quem me dera receber para não fazer nada”, deixemos aqui um aviso de serviço público: cuidado com o que desejas. No Kuwait, um funcionário público conseguiu precisamente isso — uma década inteira a receber ordenado sem pôr os pés no trabalho — e agora vai passar cinco anos a reflectir sobre a sua carreira… numa cela.
A história tem tanto de absurda como de surpreendente. Segundo a imprensa local, o homem trabalhava (em teoria) no departamento de serviços aos cidadãos. Na prática, o único serviço que prestava era ao seu próprio saldo bancário: durante dez anos inteirinhos, não apareceu no local de trabalho, não executou funções, não atendeu um telefonema, não preencheu um formulário — rigorosamente nada. Mas, como num conto de fadas administrativo, o ordenado lá ia caindo todos os meses, certinho e sem falhas.
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Eventualmente, alguém percebeu que havia ali um ligeiro detalhe fora do normal — nomeadamente, o facto de o funcionário não existir no escritório há uma década enquanto o salário continuava a ser pago como se fosse funcionário do mês. As autoridades abriram uma investigação e concluíram que, sim, estava ali um caso clássico de enriquecimento ilícito, reforçado por um talento extraordinário para a invisibilidade.
O mais curioso? O homem até tinha sido absolvido por dois tribunais anteriores, mas a corte de cassação decidiu que dez anos a evitar o trabalho ultrapassava a categoria de “mal-entendido administrativo”. Resultado: cinco anos de prisão, mais uma multa astronómica de KD312.000 (qualquer coisa como um milhão de dólares). Além disso, terá de devolver os salários recebidos indevidamente — cerca de KD104.000 — e ainda pagar o dobro desse valor como penalidade. Literalmente, um recibo de vencimento que se transformou em pesadelo.
O jornal Al Qabas descreveu esta decisão como uma das sanções mais duras aplicadas nos últimos anos no combate à fraude salarial e à corrupção administrativa. E, para quem acha isto insólito, vale lembrar que casos assim aparecem mais vezes do que devíamos admitir. Este ano, houve o caso de uma professora italiana em baixa há 16 anos, e o de uma francesa que levou a empresa a tribunal por… lhe pagarem para não fazer nada durante 20 anos. Parece que há um nicho profissional onde o maior risco é a coluna sofrer de tanto descanso.
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No final, esta história deixa uma lição importante: há quem procure trabalho, há quem evite trabalho e há quem evite o trabalho durante tanto tempo que acaba a ter um trabalho novo — a cumprir pena.