Imagine chegar a casa, ligar o computador para trabalhar, ou o telemóvel para ver uns vídeos de gatinhos no YouTube, e descobrir que… não há Wi-Fi. Nada, zero, nem um tracinho de sinal. Foi isso mesmo que aconteceu em Balkh, uma província no norte do Afeganistão, onde o líder talibã decidiu banir a internet de fibra ótica. A justificação oficial? “Evitar a imoralidade.”
ver também : O Gato que Quer Ser Político: Leo, o “Demo-cat” de Queens
É a primeira vez que uma medida deste género acontece desde que os talibãs regressaram ao poder em 2021. O resultado imediato: lares, empresas, instituições públicas e até gabinetes governamentais ficaram todos sem acesso a Wi-Fi. Só sobra a internet móvel — lenta, cara e, para muitos, praticamente inútil.
Haji Attaullah Zaid, porta-voz do governo provincial, explicou que a ordem veio diretamente do líder Hibatullah Akhundzada e que, eventualmente, será criado um “alternativo nacional”. Não explicou como, nem quando, nem se tal coisa vai ter mais velocidade do que um caracol a arrastar-se numa subida.
A decisão deixou muitos residentes desesperados. Um deles contou à Associated Press que inicialmente pensou tratar-se de um problema técnico. Afinal, quem não passou já por aquela saga de desligar e voltar a ligar o router dez vezes? Mas não, desta vez não havia assistência técnica que resolvesse.
Esse residente, que pediu anonimato por medo de represálias, lamenta: “Bloquear a internet é incompreensível nesta era avançada.” A família dele, com seis pessoas incluindo um estudante, depende do Wi-Fi para estudar, trabalhar e manter contacto com o exterior. Agora, tudo ficou em suspenso.
O impacto económico também é gigante: muitos negócios locais trabalham com clientes e empresas fora do país, e sem internet estável… adeus contratos, adeus rendimento. O homem até já pondera mudar-se para outra província onde ainda haja Wi-Fi. Uma espécie de êxodo digital, mas forçado.
Não é novidade que as autoridades afegãs suspendam redes móveis durante festividades religiosas, para evitar atentados com explosivos acionados remotamente. Mas cortar o Wi-Fi por “imoralidade”? Isso já parece mais um enredo de Black Mirror do que uma medida governamental.
Fica a pergunta: será que, no futuro, Balkh vai ter uma rede nacional controlada, onde só se pode ver receitas de pão naan e vídeos de cabras?
ver também : Japão Está a Rebentar de Velhinhos Centenários: Quase 100 Mil Pessoas Já Passaram os 100 Anos!
Fonte: Associated Press
