Prepare-se para um choque biológico: se alguma vez sentiu que não pertencia totalmente a este planeta, talvez a resposta esteja debaixo de água… e cheia de ventosas. Cientistas descobriram que os humanos partilham cerca de 60% do ADN com os polvos. Sim, leu bem. Sessenta por cento. Isso significa que tem mais em comum com um cefalópode de oito braços do que com alguns dos seus primos afastados na ceia de Natal.
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Mas antes que comece a considerar mudar-se para um aquário ou aprender a cuspir tinta para lidar com reuniões de trabalho, vamos explorar como é que isto é possível – e o que diz sobre nós.
A surpreendente ligação genética entre homem e polvo 🧬
À primeira vista, parecemos tão diferentes dos polvos como o queijo da gelatina. Eles têm três corações, um cérebro espalhado pelos braços, pele que muda de cor como um camaleão com ansiedade e uma vida social digna de um monge solitário. E no entanto, os nossos genomas contam outra história.
Os polvos têm cerca de 33 mil genes codificadores de proteínas, mais do que os humanos (ficamos pelos 20 mil e poucos). E boa parte desses genes servem para as mesmas funções fundamentais que nos mantêm vivos: copiar ADN, produzir proteínas, gerir energia celular e por aí fora. É aí que começa a sobreposição.
O mais fascinante é que os polvos têm um número elevado de genes protocaderina, que são cruciais para o funcionamento do cérebro. Estes genes ajudam os neurónios a comunicar entre si e são abundantes em vertebrados com cérebros complexos. No caso dos polvos, esta é uma das razões pelas quais são tão inteligentes, capazes de resolver puzzles, abrir frascos, reconhecer pessoas e até fugir de aquários em plena madrugada (um clássico da internet científica).
A evolução deu voltas, mas o ADN ficou
Apesar de termos evoluído em linhas separadas há mais de 500 milhões de anos, os humanos e os polvos mantiveram uma boa dose de maquinaria genética em comum. É como se a evolução tivesse pegado no mesmo conjunto de peças LEGO, mas montado dois brinquedos completamente diferentes: um primata curioso e um ninja marinho molusco.
Claro que os 60% de ADN partilhado não significam que sejamos 60% polvo. Isso seria uma visão algo bizarra – imagine ter um braço com ventosas que pensa por si próprio (embora, para alguns, não pareça assim tão diferente do comportamento de certos colegas de trabalho). O número apenas reflecte o grau de semelhança nos genes básicos que sustentam a vida.
E o que é que isto nos ensina?
Além de justificar uma próxima ida ao oceanário com um olhar mais cúmplice para os habitantes do tanque, esta descoberta tem implicações profundas para a ciência. Os polvos tornaram-se modelos de estudo em áreas como neurociência, genética evolutiva e até biotecnologia. O seu sistema nervoso distribuído inspira projectos de robótica, enquanto a sua capacidade de regenerar membros e adaptar o corpo a diferentes ambientes deixa os cientistas humanos cheios de inveja… e curiosidade.
No fundo, esta ligação genética recorda-nos que a vida na Terra está mais interligada do que pensamos. Mesmo quando se trata de um animal que passa os dias a mudar de cor, esguichar água e escapar pelas canalizações como se fosse uma personagem da Pixar.
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Por isso, da próxima vez que vir um polvo no prato, lembre-se: pode estar a comer um parente distante com uma pontuação de QI impressionante. E talvez, só talvez, o polvo esteja a olhar de volta com um ligeiro ar de julgamento.
