Há bilionários excêntricos, há bilionários polémicos e depois há Xu Bo, uma figura do sector dos videojogos na China que parece ter levado o conceito de “deixar legado” a um nível francamente difícil de acompanhar. Conhecido por ser o criador do popular MMORPG Fantasy Westward Journey e fundador da gigante Duoyi Network, Xu voltou recentemente às manchetes não por um novo jogo, mas por algo bem mais improvável: alegadamente ter centenas de filhos espalhados pelo mundo.
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A polémica ganhou força depois de uma investigação do The Wall Street Journal ter revelado que o empresário terá recorrido durante anos a barrigas de aluguer nos Estados Unidos, resultando no nascimento de mais de 100 crianças. A própria Duoyi Network acabou por confirmar a informação, ainda que com uma tentativa de minimizar o impacto, afirmando que Xu tem “apenas um pouco mais de 100 filhos”, fruto de “muitos anos de esforço”. Uma frase que, por si só, já levanta várias sobrancelhas.
Mas se 100 filhos já soa a exagero bíblico, a situação fica ainda mais surreal quando entra em cena Tang Jing, ex-companheira de Xu. Segundo ela, esse número é apenas a ponta do icebergue. Tang afirma que, só durante os 14 anos em que viveram juntos, Xu terá sido pai de mais de 300 crianças. E garante que grande parte do seu dinheiro foi usado para sustentar este… clã.
“Durante mais de uma década, os custos para manter esta família gigantesca foram enormes”, afirmou ao South China Morning Post, explicando que milhões foram gastos em despesas diárias relacionadas com as crianças. Actualmente, os dois estão envolvidos numa disputa financeira, o que poderia levar alguns a questionar a credibilidade das acusações. O problema é que o próprio Xu Bo não ajuda muito à sua defesa.
Ao longo dos anos, o empresário fez várias declarações públicas que muitos consideram misóginas e perturbadoras. Em 2023, chegou mesmo a recrutar namoradas nas redes sociais, com um objectivo muito claro: gerar “pelo menos 50 filhos de alta qualidade”. Fez ainda questão de sublinhar que preferia rapazes, por considerar que os homens são superiores às mulheres. Para não deixar dúvidas, mudou o nome de utilizador online para algo digno de sátira: “Ter mais filhos resolve tudo”.
Xu descreveu-se a si próprio como um “macho de elite, um em um milhão”, convencido de que os seus filhos dominariam as elites sociais chinesas no futuro. Segundo ele, pelo menos 10 desses filhos atingiriam um sucesso “de topo”. Curiosamente, apesar da obsessão por herdeiros masculinos, Xu está actualmente envolvido numa batalha judicial pela custódia de duas filhas, fruto de uma relação anterior, na qual já tinha tido 11 crianças.
O número exacto de filhos continua envolto em nevoeiro, mas a controvérsia tem vindo a crescer na China, onde a gestação de substituição é ilegal. Nas redes sociais, especialmente no Weibo, as reacções variam entre incredulidade e indignação. “Só porque tem dinheiro, acha que pode criar filhos como se fossem gado?”, escreveu um utilizador. “As crianças são seres humanos, não experiências”, acrescentou outro.
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Seja qual for o número real, uma coisa parece certa: o autoproclamado “primeiro pai da China” pode ter finalmente encontrado um limite que nem o dinheiro consegue ultrapassar — o da opinião pública.
