Se alguma vez olhou para um carregador de portátil e pensou “isto é só lixo electrónico”, saiba que há alguém no planeta Terra que olhou para 1.000 baterias de portáteis usadas e disse: “Isto dá para alimentar a minha casa inteira”. E deu mesmo.
Bem-vindo à epopeia energética de Glubux, um utilizador do fórum Second Life Storage que decidiu transformar sucata tecnológica numa central eléctrica caseira.
Tudo começou há uns nove anos, quando este génio do faça-você-mesmo publicou um plano ambicioso: queria tornar-se completamente auto-suficiente a nível de energia usando painéis solares e um exército de baterias que já ninguém queria. Na altura, já tinha 1.4 kW de painéis no telhado, um controlador Victron, um inversor de 3 KVA e, cereja no topo do bolo, 650 baterias de portátil que andava a colecionar como quem junta cromos.

A ideia era simples na teoria e uma dor de cabeça na prática. Baterias diferentes descarregam a ritmos diferentes — umas são atletas de alta performance, outras são aquelas que desmaiam ao fim de 10 minutos de Zoom. Para resolver isto, Glubux começou a desmontá-las uma a uma, organizando as células por desempenho e montando prateleiras personalizadas para garantir que descarregavam de forma equilibrada.
É o tipo de projecto que nós, pessoas normais, abandonamos a meio quando percebemos que há parafusos a mais. Ele não.
Com o tempo, a coleção disparou para mais de 1.000 baterias, instaladas num armazém a 50 metros da casa. Sim, 50 metros — porque uma bateria de portátil é inofensiva, mas mil juntas parecem o casting alternativo do Chernobyl 2.0. Mas calma: o sistema é seguro, eficiente e, segundo o Scienceclock, está a funcionar há oito anos sem uma única falha de célula. Zero. Nem uma. Nem aquelas teimosas que insistem em morrer quando precisamos delas.

Entretanto, a capacidade de armazenamento deu um salto de gigante: de 7 kWh passou para 56 kWh, o que transforma esta central artesanal numa espécie de Tesla Powerwall… versão “fiz isto eu mesmo, passa-me a chave de fendas ali”.
O que impressiona não é só a engenhosidade, mas o impacto ambiental: aquilo que seria lixo electrónico ganhou literalmente uma segunda vida. É reciclagem prática, funcional e digna de medalha — ou, pelo menos, de uma reportagem no destaques.pt.
Então, o que aprendemos com esta história?
Que, com paciência, know-how e provavelmente uma imunidade extraordinária a choques eléctricos, é possível alimentar uma casa inteira com baterias que outros descartaram. E que, enquanto nós nos irritamos quando o portátil descarrega aos 38%, há quem use essa mesma bateria… para fazer o jantar, ligar as luzes e ver televisão.
Glubux, nós saudamos-te. E recomendamos que nunca faças uma pausa no projecto — seria chato teres de explicar ao vizinho que a rua ficou às escuras porque uma célula 18650 se sentiu cansada.